Reitora se comportou de forma diferente em 2007
Na 1.ª greve que enfrentou, Suely Vilela impediu que PM interviesse, o que teria gerado críticas de Serra
Renata Cafardo
Desta vez, a PM entrou no câmpus quatro dias depois da ocupação de prédios, retornou por causa de novo tumulto e lá ficou até o conflito de anteontem. Fontes da USP ouvidas pelo Estado disseram que Suely mudou porque havia recebido críticas na condução da greve de 2007. O próprio governador José Serra (PSDB) teria perdido a paciência com a insistência da reitora em negociar à época.
Um ano depois, em um evento com reitores, o governador teria a cumprimentado e dito: "Este ano, a senhora não vai deixar invadirem a reitoria novamente, não é?", contou uma professora que não quis que seu nome fosse publicado.
No órgão máximo da instituição, o Conselho Universitário, não foi diferente. Tradicionalmente, pela lembrança de intervenções na ditadura militar, era consenso que a USP deveria evitar a presença da polícia no câmpus e usar o diálogo em situações de conflito. Mas a invasão de 2007, que terminou com computadores e móveis depredados, além de atrasos de bolsas e programas, minou essa convicção. "Suely recebeu muita cobrança no conselho. Depois disso, 90% dos conselheiros (a maioria diretores de unidade) passaram a defender o uso da força", disse outro professor.
Ele ainda acredita que a motivação das greves de 2007 e deste ano também influenciaram o comportamento de Suely. "A questão dos decretos (um dos motivos da greve de 2007) implicava um tolhimento da autonomia. Desta vez não há nenhuma motivação", diz ele sobre as reivindicações. Há dois anos, o movimento começou por causa de um decreto de Serra que criava uma secretaria especial para lidar com as três universidades estaduais. Agora, fala-se em aumento salarial, fim de cursos a distância, democratização administrativa e já apareceram também jargões como "fora Suely" e "fora Serra".
A farmacêutica Suely Vilela foi eleita no fim de 2005 com o apoio da chamada "esquerda" da universidade, ou seja, o movimento estudantil e os sindicatos de docentes e funcionários. Há quem acredite que a reitora tinha um compromisso com esses grupos e, por isso, evitou um confronto policial há dois anos, no início do mandato. Hoje, em seu último ano no cargo e depois de seguidos desgastes, não teria mais essa preocupação.
"Ela está isolada, não tem apoio dos diretores de unidades. Conversa apenas com o chefe de gabinete e o vice-reitor", afirmou um integrante da reitoria da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Desde o início da greve, Suely se recusa a dar entrevistas.
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090611/not_imp385765,0.php
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